O Blog Round Extra entrevistou ele, que é hoje um dos melhores strikers do mundo. Primeiro brasileiro a ser campeão mundial de muay thai e Top #1 da categoria 76 kg no ranking da WBC.
Cosmo Alexandre Moreira da Rocha, nascido dia 24 de abril de 1982 em São Vicente. Começou a treinar muay thai á oito anos. Viajou o mundo. Residiu na Tailândia, Holanda e recentemente retornou ao Brasil, morando atualmente na cidade de Santos.
Atleta das equipes Memorial Arena no Brasil e Mike's Gym na Holanda. Trás em seu cartel uma sequência de oito vitórias, das quais seis foram decididas por nocaute.
RE- Recentemente você conquistou o título do It's Showtime 77 kg max que desde de 2008 pertencia á Dmitry Shakuta, atleta que tem um excelente cartel. Como foi a preparação e qual estratégia adotada para esta luta?
CA - Mesmo eu sabendo que o Shakuta é um dos tops da categoria, que sempre lutou na Tailândia também, eu me preparei como para qualquer outra luta, só fiz uma estratégia diferente porque sabia que ele também gosta do jogo mais asiático. Então botei pressão desde o começo da luta.
RE- Nesta luta você conseguiu um nocaute técnico na metade do segundo round. Apesar do ótimo resultado, recebeu algumas vaias porque muitos acharam que o corte aberto na cabeça de Shakuta não fora grave o bastante para encerrá-la. Se a decisão coubesse a você, teria interrompido a luta?
CA - Verdade. Algumas pessoas não gostaram do resultado dessa luta, acharam que o juiz não deveria parar. Mas na Europa não é como na Tailândia, ainda mais quando é a luta principal da TV. O corte foi bem profundo, eu só não pararia a luta se fosse na Tailândia, mas como foi na Europa , eu teria feito a mesma coisa que o juiz.
RE- Apenas um mês após a conquista do título você voltou ao ringue do Showtime para defesa do cinturão, desta vez contra Csaba Gyorfi. Você já o conhecia? Houve alguma estratégia específica também para este combate?
CA - Eu sabia que ele já tinha ganho o K-1 Hungria, mas mesmo com esse título eu não consegui achar quase nada dele. Treinei duro para não ter nenhuma surpresa, mesmo ficando gripado na semana do evento eu consegui fazer uma boa luta.
RE- Em fóruns e sites, tanto nacionais como internacionais sempre vemos seu nome sendo citado entre os atletas que deveriam lutar no K-1. O que está faltando para que isso aconteça?
CA - Eu também não sei o que está faltando. Meu empresário Simon Ruts tem outros atletas no K-1, como Drago, Petrosyan, Mevin, Badr. Não sei se isso ajuda ou atrapalha. Na verdade quando eu lutei contra o Shakuta era para eu ter lutado contra o Petrosyan, mas acabou não acontecendo. Ontem fiquei sabendo que essa luta está bem próxima de acontecer em uma das edições do Showtime, acho que será uma ótima chance de fazer uma boa luta e ficar mais perto do K-1. Mas isso não me incomoda muito, na europa o It's Showtime tem uma força incrível, igual ao o K-1, é só você olhar o card do It's Showtime Amsterdam, por exemplo.
RE- Você auxiliou na preparação de André Dida para o confronto com Buakaw ano passado no K-1. Na sua opinião, onde Dida errou? O que Cosmo Alexandre faria de diferente?
CA - Acho que o Dida foi bem treinado, eu fui para ajudá-lo na parte de sparring. O resto do treino ficou com o Mauricio e o Daniel, então ele foi muito bem para luta. Se eu lutasse contra o Buakaw eu iria fazer o meu jogo, mais virado pro Asiático, sei o quanto é difícil lutar contra tailandês, mas acredito que conseguiria a vitória fazendo o meu jogo.
RE- A um ano atrás você fazia parte da equipe Thai Center. Qual foi o motivo da sua saída e como é o relacionamento hoje com o seu ex-treinador Sandro e o resto da equipe?
CA - A minha saída não foi nada amigável. Não converso mais com o Sandro e não quero mais nenhum tipo de contato. Eu até falo com alguns atletas de lá, mas como acontece normalmente com quem sai de lá, a galera confunde ou se deixa levar e acabam com esse contato. Logo depois que eu sai o Diego Sebastião saiu também, e junto com ele muita gente. Então acho que eu não estava errado. Não penso mais nisso, a minha carreira só vem crescendo a cada dia, minhas lutas no It's Showtime estão acontecendo com frequência. Então eu só tenho que cuidar da minha vida e aproveitar que tudo está dando certo.
RE- Morar na Holanda é o sonho de muitos lutadores. Apesar de ter tido a oportunidade de morar lá e treinar na Mike's Gym, uma das melhores equipes, você retornou ao Brasil no início deste ano. O que te fez voltar e como é teu relacionamento com o Mike e atletas como Badr Hari e Melvin Manhoef?
CA - Foi uma das melhores coisas que eu fiz na minha vida. A vida aqui na Holanda é muito boa. Treino com os melhores e me fazem crescer a cada dia.
Melvin, Badr e Murthel são grandes lutadores e meu relacionamento com eles é muito bom. Murthel é um dos meus melhores amigos. Mas hoje Graças a Deus e o patrocinío do Memorial eu fico um tempo no Brasil e um tempo na Holanda. Assim consigo manter meu treino e ficar perto da minha família e amigos.
RE- Yodsaenklai... Gostaria de uma revanche ou ainda não é o momento?
CA - Já era para eu ter lutado com ele no fim do ano passado, mas acabou não acontecendo porque me avisaram só alguns dias antes da luta. Eu quero lutar com ele de novo sim, e acho que pode acontecer nesse ano.
RE- Sabemos que a alguns meses você iniciou treinos de chão e que pretende lutar MMA. Já houve alguma proposta para estréia? Ou ainda não se sente preparado?
CA - Eu treino todo dia com o Professor Marcelo Nigue, e acho que estou me preparando bem para lutar MMA. Acabei de fazer duas lutas no It's Showtime, em março e abril. Vou voltar ao Brasil e retomar meus treinos de chão, depois disso volto a negociar alguma luta de MMA.
RE- Mas pretende trocar o muay thai pelo MMA?
CA - Não... não! Muay Thai é minha vida e não vou trocar pelo MMA. Espero conseguir lutar os dois.
RE- Em geral os lutadores de MMA são cheios de marra, fazem provocações, e os promotores gostam disso. Você é o oposto em atitude e até apelido (Good Boy). Acha que o fato de ser mais pacato e não fazer a linha "showman" pode te atrapalhar a conseguir lutas e sucesso nesta área?
CA - Acho que não. Eu tenho que demonstrar lutando, se eu fizer boas lutas e o público gostar, vai valer mais que o estilo "Bad Boy".
RE- Como é o Cosmo "Good Boy" Alexandre fora dos ringues?
CA - Sou um cara de boa, gosto de ficar em casa com minha mulher e com meu filho. Gosto de ficar jogando game, quando saio gosto de ir comer em algum restaurante legal, ir para praia ou cinema.
RE- Muitos pais querem que seus filhos sigam a mesma profissão que eles teêm. Seu filho está com pouco mais de 1 ano, certo? Acha que ele seguirá seus passos? Você gostaria disso e pretende influenciá-lo?
CA - Isso. Meu filho está com 1 ano e dois meses. Acho que ele já gosta de MT [risos].
Quando ele estava engatinhando ainda, eu deixava ele no tatame e ele ia sozinho até o saco de pancadas, ficava de joelho e batendo. Hoje ele já sabe até chutar [risos]. Mas ele quem vai escolher se vai ser lutador ou não. Eu vou apoiá-lo no que ele escolher.
RE- Para finalizar... que tal uma "rapidinha"?
Melhor luta que já fez? Foram duas. Contra Naruepol Fairtex e Changpuek.
Título mais importante? It's Showtime, Mundial e King's Cup.
Jamais lutaria com...? Hummm.. Não há ninguém. Não escolho adversários. Pagando minha bolsa, luto com qualquer um.
Com quem lutaria até de graça? Isso é algo que fazemos no ínicio da carreira. No atual estágio da minha vida lutar de graça seria sinônimo de brigar. E eu sou um profissional, eu não brigo. Eu luto.
Então com quem gostaria muito de lutar e por que? Buakaw. Porque ele é um cara famoso, que todos consideram como um dos melhores. Eu quero lutar com os melhores.
Sucesso: It's Showtime
Dinheiro: Importante
Família: Tudo
Amigos: Poucos mas importantes
Saudade: Hummm.. nenhuma.
Arrependimento: Na vida profissional... nenhum.
Palavra chave: Coração
Muay Thai: Minha vida
Deus: Certeza que Ele é quem me deu e me dá tudo o que tenho. Família, carreira... tudo!
Gostaria de agradecê-lo por estrear nossa sessão de entrevistas, lhe dar parabéns pela vitória conquistada ontem em Budapeste, sorte nas próximas lutas e... sucesso!!!
Entrevista concedida em 18/04/2010
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